É monumento nacional desde 1910 e um símbolo da antiga povoação de Noudar, bem como da mais recente vila de Barrancos. Tornou-se tão parte da cultura barranquenha que até deu nome a um vinho.
Entre a ribeira da Múrtega e o rio Ardila, situa-se o Castelo de Noudar, acabado de construir em 1308 no reinado de D. Dinis.
O local foi escolhido pela sua defesa natural, o fácil acesso e aproveitamento de uma nascente de água de excelente qualidade, a Fonte da Figueira, localizada a cerca de 250 metros a Este do castelo, sob o cerro denominado da Forca.
A sua fortaleza medieval foi importante na defesa da fronteira com Castela nos princípios do século XIV.
História do Castelo de Noudar
O monte onde se encontra o Castelo de Noudar começou por ser utilizado como ponto de vigia ainda quando a Ibéria era tribal, tendo sido posteriormente pisada por romanos e visigodos. O que hoje vemos é bem mais recente: de árabe há já muito pouco, de cristão há bem mais, em boa parte reconstruída.
Foi em 1308, com numa Península Ibérica novamente cristianizada, que o castelo se completou num formato próximo daquele que se conhece atualmente. A partir daí, a fortificação e a vila viveram numa constante troca de nacionalidade – o que justifica, em grande parte, a existência do dialecto Barranquenho, que não é mais do que uma salada de português, andaluz e castelhano.
Primeiro, eram parte do Reino de Castela. Juntamente com Serpa e Moura, Noudar passou para o Reino de Portugal como acordo inerente ao casamento da filha de D. Afonso X de Castela (o Sábio), a Rainha D. Brites, com D. Afonso III de Portugal. Depois, tornou para mãos espanholas, não só aquando da integração de Portugal num reino único ibérico, como por lá permaneceu já depois de Portugal ter a sua Restauração consumada. E assim ficou até à última baldroca, que aconteceu na Guerra da Sucessão de Espanha, retornando à coroa portuguesa por essa altura.
No século XIX, a sua vantagem geográfica deixou de ter a importância de tempos passados, e a vila foi deslizando a sua actividade para uma outra terra, Barrancos, deixando o castelo entregue à sua sorte.
A Lenda do Castelo de Noudar
A versão mais longa reporta uma moura que vivia neste castelo. Tinha ela uma amiga que habitava num castelo vizinho, amiga essa que se tinha apaixonado por um cavaleiro cristão. O amor foi tal que a mulher planeou baptizar-se para casar com o seu amado. O irmão da moura de Noudar, ao saber da heresia que a amiga da sua irmã se preparava para fazer, apunhalou-a. Arrependido com o seu impulso assassino, enforcou-se de seguida, e a irmã, como que num acto de lamento, tomou um estranho encantamento, exilando-se nos fundos do forte.
Conta-se que, de quando em vez, a moura é avistada a passear junto às paredes do castelo, durante a noite, ficando a pentear os seus cabelos loiros até que o sol apareça e a mande de volta para o seu buraco. E assim que tal acontece, transforma-se numa serpente.
O facto de serem mencionados os seus cabelos loiros só revela que a moura não deve ser levada literalmente como uma árabe – porque as árabes, salvo excepções, não são loiras -, mas sim como herança dessas fadas mitológicas que eram crença transversal às gentes do oeste ibérico. Ou seja, a ideia de moura como representante do legado islâmico não é mais do que uma actualização histórica de uma outra lenda, bem mais antiga.
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